terça-feira, 20 de março de 2012

PITÁGORAS DE SAMOS (580-497 a. C.)

Nasceu na Ilha de Samos, distante de Mileto 50 quilômetros. Participou de um renascimento religioso que ocorreu na Grécia ao longo do século VI a. C. Era filho do gravador miniaturista Mnesarco, de origem aristocrática. Na sua juventude, entrou em contato com a corte de Polícrates de Samos, célebre tirano que incentivou as artes e as técnicas.

O ambiente hedonista e requintado de Samos não agradou a Pitágoras, que emigrou para Crotona, no golfo de Tarento (sul da Itália). Pitágoras organizou uma ordem mística, de homens e mulheres, governada por uma elite dedicada à busca da sabedoria. Nessa empreitada, o filósofo recebeu influências místicas do oriente (culto de Amon Ra, no Egito; mitologia babilônica; zoroastrismo persa e budismo), bem como da mitologia celta.

Encontramos três dimensões nos ensinamentos pitagóricos: em primeiro lugar, conceitos ético-religiosos; em segundo lugar, uma doutrina metafísica (teoria do ser); em terceiro lugar, reflexões sócio políticas.

Os aspectos fundamentais da doutrina filosófica pitagórica são os seguintes:

1 – Dualismo entre corpo (soma) e alma (psyché). O corpo, elemento inferior e perecível, deve ser dominado pela alma. Ela está condenada a se reencarnar em outro ser vivo (homem, animal, ou planta), até que a completa catarse ou purificação for atingida. A saga de reencarnações pode ser quebrada por quem desenvolver a sabedoria (filosofia) e a ciência. A alma individual é uma partícula decaída que se desgarrou de um reservatório psíquico único.

2 – A redenção da alma se dá pelo conhecimento. A fim de restaurar a unidade perdida e ser resgatada do pecado original (causado pelo orgulho e a violência (hybris), a alma deve dedicar-se de preferência à contemplação (theoria) da harmonia que rege o mundo e é, pela sua beleza, um selo da obra divina. Nós, seres humanos, tornamo-nos semelhantes àquilo que ocupa o centro da nossa atenção. O equilíbrio interior obtém-se pela absorção mimética do Cosmos ou ordem natural, exterior a nós.

3 – A harmonia do Universo pode ser apreendida e simbolizada com a ajuda dos números (arithmós). A música é expressão dessa harmonia. Como todas as coisas estão integradas numa totalidade harmônica, Pitágoras conclui que “as coisas são números”.

4 – Os pitagóricos deram ensejo a grandes progressos na geometria e na aplicação da matemática à classificação dos seres materiais e dos seres vivos em pares e ímpares. Pitágoras foi, outrossim, o responsável pela descoberta do valor da hipotenusa num triângulo retângulo, dadas as medidas dos respectivos catetos.

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